A Raça e sua triste realidade...

O que esperar da raça.

No nosso país ainda são poucas as pessoas que têm um Galgo Espanhol (GE), por isso deixamos uma pequena introdução sobre eles. É um cão de porte nobre e, como os outros Galgos, tem uma aparência aristocrática. Suas formas sugerem potência e velocidade, somado resistência, agilidade e facilidade de executar manobras rápidas. Eles são calmos, gentis e ficam felizes a dormir num sofá o dia todo. De temperamento dócil, quando dentro de casa o GE é extremamente tranquilo, desde que tenha a oportunidade de dispersar sua energia em espaços abertos com regularidade. O Galgo Espanhol é um cão independente e tímido. Sério e reservado, não é muito dado a brincadeiras ou demonstrações exageradas de afecto. Devido a estas características é um cão difícil de treinar. Gostam de agradar o dono. Não necessita de passeios longos, mas antes de uma caminhada diária que tenha um sítio para eles poderem ter a sua explosão de energia. Uma corrida longa e rápida será o que ele adora. Ele adapta-se bem em um apartamento, desde que passeie com regularidade. Como cão de caça, os roedores, animais pequenos e gatos são vistos como presa, mas o GE pode conviver muito bem com outros animais, desde que seja educado dessa forma. Podem conviver bem em família, mas atenção em espaços abertos, tudo que corre serve para ser caçado! O GE é um cão bastante saudável, não apresentando incidências específicas em relação às doenças que costumam afectar os cães de grande porte. A esperança média de vida é de aproximadamente 12 anos. Fácil de manter, o pêlo do Galgo Espanhol exige apenas cuidados semanais: uma boa escovada para remover sujidade ou pêlos soltos e banhos somente quando ficam sujos... água não é o seu ponto forte. A boa saúde no Galgo Espanhol tem sido assegurada ao longo dos anos pela seleção natural, pois até a década de 70 eles foram utilizados quase que exclusivamente para a caça à lebre. Esta raça tem um legado de cães saudáveis e verdadeiramente robustos.

Aspecto Físico:

Os GE têm características que os tornaram adequados a correrem longas distâncias ao longo de um terreno acidentado. É um cão de formas finas, alongado e ligeiramente mais comprido do que alto. Suas patas são parecidas com as das lebres, ideais para correr em terrenos irregulares. A cabeça do Galgo Espanhol é longa e afunilada, terminando num pequeno nariz de cor preta. Os olhos são pequenos e oblíquos, geralmente na cor castanho escuro, transmitindo calma, mas também timidez. As orelhas são largas na base, em forma de rosa e de inserção alta. Esta raça tem uma estrutura óssea compacta, com a barriga bastante arqueada para dentro. O peito é poderoso e profundo, mas pouco largo. A cauda é de inserção baixa, comprida, afunilando até a ponta. Em repouso, permanece baixa, em contato com as patas. São conhecidos três tipos de Galgos Espanhóis: o de pêlo liso/curto, o de pêlo comprido (quase inexistente) e o de pêlo duro/cerdoso. Dos três, o de pêlo liso é o mais comum, tanto nos campeonatos de caça quanto nas exposições caninas. Apenas 20% dos Galgos Espanhóis são de pelo duro/cerdoso. O Galgo de pêlo liso tem sido o mais bem adaptado à geografia Ibérica, com a aridez dos seus campos e o clima com variações diversas. A pelagem do Galgo Espanhol é densa, mas fina, bastante suave ao toque. Todas as cores são aceites, as mais comuns são com marcações brancas.Os machos devem ter entre 62 e 70 cm e as fêmeas entre 60 e 68 cm. Pesam entre 20 a 30kg.


A Sinistra Realidade dos Galgos Espanhois.

Os Galgos Espanhóis tem sido utilizados quase que exclusivamente como uma ferramenta de caça na Espanha. Eles geralmente vivem em celeiros, em números superiores a 10 cães e a maioria quase nunca vê a luz do dia. O foco do problema se divide em duas partes: a criação indiscriminada dos Galgos Espanhóis e o descarte massivo e cruel ao final da temporada de caça, que acontece anualmente entre setembro e janeiro. Investigações feitas pela WSPA (World Society for the Protection of Animals) nos anos de 2001 e 2002 provaram que milhares de Galgos Espanhóis são criados anualmente com a única finalidade de participarem do campeonato nacional de caça, sendo Medina del Campo seu principal centro. A cada final de temporada, os caçadores tradicionalmente enforcam seus GE nos pinheiros nos arredores de Medina del Campo e essa "tradição" do enforcamento de cães na Espanha continua até hoje. É estimado que milhares de Galgos Espanhóis sejam criados e mortos anualmente nas zonas rurais. Devido às denúncias sobre o enforcamento de Galgos, os galgueiros começaram a levar os cães indesejados para as associações, resultando em torno de 500 cães abandonados ao final de cada temporada, a maioria de Galgos Espanhóis. Para os donos dos Galgos, as associações servem só para recolher o seu lixo. Para eles, um Galgo no final da temporada de caça nada mais é do que entulho do qual eles querem se livrar. 

O horror do enforcamento após temporada de caça. Quando termina a temporada de caça às lebres, começa o terror para estes nobres animais.
A maioria dos Galgos Espanhóis abandonados tem por volta de dois ou três anos e chegam geralmente em péssimas condições de saúde. Muitos são abatidos antes de conseguirem chegar a uma associação, onde teriam a chance de ter um futuro mais digno. É tradição pendurar os cães que correm mal em galhos mais baixos, onde sofrem uma morte lenta e agonizante conhecida como 'o pianista' devido à frenética tentativa de tocar suas patas no solo. Aqueles que correm bem são pendurados em galhos mais altos, resultando em uma morte mais rápida. Em algumas vilas próximas, as pessoas chegam a reclamar do barulho dos ganidos dos cães durante a noite. Essa prática tem suas raízes na tradição da nobreza espanhola: quando acabava a temporada de caça, os ricos latifundiários matavam seus Galgos com requintes de crueldade para provar seu status e com isso impor temor e respeito. Não se sabe o motivo desta tradição continuar até os dias de hoje apesar de já haver uma lei que proíbe este acto, poucos são os caso que aluguma vez chegam à justiça. Galgos indesejados também são apedrejados, amarrados e deixados para morrer de fome, afogados, atirados em poços, queimados com gasolina, enterrados vivos, amarrados em carros e arrastados até a morte, envenenados, levam tiros nas patas para não seguirem os donos, são torturados com paus nas bocas para não latirem. Muitos dos que são abandonados nas ruas acabam sendo atropelados e os que têm mais sorte são largados nas associações. Por causa da divulgação de fotos de cães enforcados, muitos Galgos passaram a ser entregues nas associações, que ficam superlotados depois da época de caça.